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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


EU, COBAIA

Se não fosse quem fosse, eu não desperdiçaria um byte falando dele e o descartaria como mais um maluco, um charlatão vendedor de ilusões, mas Ray Kurzweil passa longe disso e é uma das mentes mais brilhantes e prolificamente pragmáticas do nosso tempo.

Cientista, futurista, inventor, empresário, palestrante e escritor multimilionário, Kurzweil tomou para sua vida um objetivo mítico: não morrer de velhice (ou não morrer de qualquer modo, pelo que li).

Segue uma dieta rigorosa (com a qual alega ter controlado sua diabete), toma centenas de pílulas de suplementos diariamente, injeta nutrientes diretamente na veia toda semana, faz acupultura, pratica exercícios moderados, gerencia suas emoções como um monge budista, usa cremes para a pele, faz todo o tipo de exame regularmente pra previnir qualquer doença e modifica sua estratégia de acordo com as mais novas descobertas da medicina.

Seu livro, A Medicina da Imortalidade, detalha os meios para que se "viva o suficiente para viver para sempre". Li o livro e é extremamente complexo e bem fundamentado cientificamente, por isso mesmo não podemos descartar Kurzweil como mais um bobo sonhador.

No livro supracitado, lançado quando tinha 56 anos, Kurzweil diz que um teste o avaliou como tendo idade biológica de 40 anos (p. 162). E sua meta é não passar de 40! Não sei se ainda mantém isso, agora que fará 63 em Feveiro próximo (talvez diga que tenha 41 anos e meio?), o fato é que, olhando para ele, não é o que parece. Eu faço 40 anos em Março e, modéstia à parte, duvido que alguém iria achar que fomos amigos na infância. Para mim, ele parece apenas um sessentão bem conservado (com tanto dinheiro e tantos cuidados!), o que me faz ficar com os dois pés atrás quanto à eficácia do seu método para a eterna juventude.

Contudo, segundo o próprio Kurzweil, não podemos nos orientar pelo o que vemos no presente. Ele defende que a progressão do conhecimento humano é exponencial e espera ter recursos tecnológicos, que irão muito além da mera suplementação, para efetivamente reverter o envelhecimento por volta de 2040, quando então terá cerca de 90 anos de vida e pretende estar mais novo (veja sua entrevista no programa Millenium, no site da Globo News). Por volta dessa data, segundo ele, teremos um amplo arsenal para combater e mesmo curar a decrepitude de nossos corpos e mentes. Terapias genéticas, novas drogas, nanotecnologia e células tronco serão a fonte da eterna juventude.

Tudo isso faz de Kurzweil uma voluntária e feliz cobaia humana. Os mais jovens poderão acompanhar os resultados dos seus esforços e previsões (algumas já erradas). Com 80 anos (se chegar a tanto) os sinais da velhice são indisfarçáveis e, então, teremos uma boa noção se as coisas estão ocorrendo conforme o esperado. Devido às complexidades do corpo humano e das tantas variáveis envolvidas, duvido muito disso e penso que Kurzweil seguirá o destino dos seus antepassados (apesar de querer ressuscitar seu pai!), talvez com alguns anos a mais de vida graças a tantos cuidados com a saúde.

Mas aí está algo sobre o qual ficarei muito feliz em estar errado :D